recortes

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de "ano", foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar que
daqui por diante vai ser diferente."

(Carlos Drummond de Andrade)

Talvez essa idéia no fundo seja para que não nos assustemos com a grandeza e os desafios dessa vida, da nossa vida e nomeando assim, podemos pensar que a recebemos em porções, em pedaços, assim se for muito boa, vamos sempre querer mais e queremos. E se for difícil às vezes; temos certeza de que é passageiro porque é parte por parte e fica mais fácil enfrentar, seja o que for.

Mas o final de cada ano nos enche mesmo de um sentimento de esperança e nos dá a certeza de que o que prevalece são as coisas boas, as alegrias, as conquistas, a superação e até mesmo os momentos não tão bons nos trazem lições e perspectivas de recomeço. Que assim seja, que nos renovemos a cada novo ano, a cada idéia de novo ano, e que sejamos nós mesmos a mudar e não o tempo, que o tempo passe apenas para que possamos aproveitá-lo e viver a vida, dia a dia, mês a mês, ano a ano, perseverantes e esperançosos.*

Feliz natal e feliz ano novo a todos.

*pequeno texto reflexivo sobre o poema e o próprio poema foram a mensagem lida na reunião de fim de ano no trabalho.

desalinho

Apenas do tempo, porque o trabalho segue, graça a Deus, tomando forma. Formando sentido. Sendo concluído depois de persistência e determinação. Confesso que não é fácil após um dia de trabalho, por as idéias em ordem, disciplinar-se à pesquisa, ao estudo. Mas é preciso, e sempre me valho embora não orgulhosamente, dessa necessidade que impulsiona a ação. E tenho lido, pensado, escrito, nem tanto quanto gostaria, mas o suficiente pra me sentir capaz de realizar, de construir apesar das resistências. E tudo se torna mais grandioso, porque sabemos do esforço, do contexto e da luta. E mesmo a comparação sendo inapropriada, não é mesmo uma batalha, essa vida diária? Não é mesmo uma vitória chegar ao fim de cada dia e ter a sensação de missão cumprida? Ter a consciência de ter feito o melhor que poderia e se propor a superar-se amanhã?

É assim entre desalinhos e bordados que damos forma aos nossos desejos.

Boa costura!

alinhar -
(a- + linha + -ar)
v. tr.
1. Dispor em linha reta.
2. Proceder ao alinhamento de.

No momento agora é isso, proceder o alinhamento. E não deixa de fazer sentido com o ato de colocar em linhas, o nosso pensamento. Trabalhoso é; escrever e por em ordem as idéias para o TCC. Alguns livros comprados, o desânimo que os maus hábitos nos trazem de vê-los com tantas páginas e pouco tempo e disposição para folheá-los, pesquisar, ler. Além dos sites visitados, da pesquisa on-line também cansativa,  que fatiga a vista.

Prossigo, costuro, alinho. E então percebo que apesar de todos esses poréns é mesmo quando o bordado vai tomando forma, quando o tecido vai formando algo  antes  imaginado  que a satisfação ganha força, é que sentimos prazer no trabalho realizado com esforço. Filha de mãe costureira, me recusei a aprender o ofícío meticuloso de medir, escolher, comparar, cortar, criar formas, através das linhas e afins. Depois de algum tempo me vi tecendo, formando, escolhendo, dando formas a imaginação, materializando pensamentos, costurando idéias através da escrita. Um ofício tão meticuloso quanto, e embora ainda  que despretenciosamente, eu me vejo mais uma vez, agora,  herdando sonhos e desejos nem que sejam por meios enviesados.

mudança

Insistindo no tema anteriormente escolhido, os resultados esperados não chegaram. Me fiz novamente as perguntas de orientação da pergunta de partida: o que quero saber? o que quero fazer? E tudo isso tem a ver com os nossos interesses, desejos, afinidades. No momento como esse próprio espaço sugere ando encantada com a palavra e como disse Manoel de Barros:

 ''Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós."

e ainda:

 "Só as palavras não foram castigadas com a ordem natural das coisas. As palavras continuam com os seus deslimites."

Por isso resolvi mergulhar nesse trabalho com a linguagem mediado pela tecnologia  e buscar saber :

É possível resgatar a competência escritora e leitora nos alunos e professores através de um trabalho pedagógico usando as mídias na escola?

Assim meu novo tema é: . Uso pedagógico de mídias na escola: práticas inovadoras.

Espero que enquanto busco saber, enquanto construo propostas de trabalho com base nas minhas descobertas ,vá construindo meu trabalho de pesquisa e consiga construir meu TCC com o mesmo entusiasmo que esses "deslimites" das palavras trazem.

Seguindo...

tema

Apesar dos temas de pesquisa estarem pré-definidos ainda sim há uma grande dúvida quanto a qual escolher. Pelo que li no fórum de discussão; é uma sensação comum a maioria de nós ao final do curso. Mas pelo anos de estudo e tantos cursos experienciados, acredito que seja algo bastante típico do processo. O importante é não se deixar abater por essa paralisia que o novo e a necessidades de decidir nos causa ( ou apenas aos inseguros como "yo"). Por isso mesmo escolhi estudar e pesquisar o tema sobre a formação dos professores para o uso das mídias. E deixo minha mente fervilhar, em pensamentos e preocupações que espero deem lugar às perguntas norteadoras, às questões, aos eixos que nortearão o trabalho de conclusão; enquanto vou à busca de inspiração nas livrarias e na web. Que o tempo seja nosso aliado, e corra a nosso favor mais que nunca. Xô estresse e bem vinda  determinação! 

Já disse o grande João Guimarães Rosa :
"Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas."

Complexidade

Realizando a atividade final da Oficina: Projeto Pedagógico Utilizando Ferramentas de Autoria fiquei pensando sobre o  difícil trabalho com essas ferramentas em sala de aula, mesmo sabendo que a maioria de nossos alunos desde que aprendem a ler às vezes antes, já utilizam com bastante autonomia: orkut, msn, youtube, etc. Muitas vezes sem o acompanhamento familiar, é o que constatamos, quando a mídia sensacionaliza exemplo de crimes e delitos cometidos a maioria deles por jovens através desses sites, cada vez mais acessíveis e fáceis de usar.

Daí a importância do foco estar na conscientização do uso dessas ferramentas de maneira ética, responsável e segura pelos alunos acompanhados de preferência pelo controle dos pais. Nossa tarefa portanto, é bem mais complexa, até porque os professores muitas vezes desconhecem tais ferramentas, seus recursos e seu alcance assim como os pais. Como trabalhar a construção de blogs, a participação em redes sociais (sim, porque a escola ensine ou não, as crianças já utilizam) sem correr o risco de oportunizar a " indisciplina virtual na web", ou seja, que alguns indivíduos durante o processo de estudo, conhecimento e criação desses espaços na escola, possam muitas vezes sob o anonimato praticar atos de desrespeito ao colega, seja através de comentários, ou mesmo a criação de comunidades com fins de agredir pessoas e instigar a violência, como já temos visto. Será possível a escola conscientizar os jovens para a utilização sadia desses meios de participação na rede mundial de computadores? Será possível ter sucesso nessa tarefa educativa sem se tornar refém das fragilidades da web, nessa área?

Acredito que é possível, mas com a precariedade dos laboratórios, a formação insuficiente dos docentes nesse campo, e a facilidade de acesso que os jovens tem será bastante dificíl dar ínicio a um trabalho do tipo. Este é um trabalho de formação antes de tudo e não apenas de ensino, portanto como todo trabalho de formação hoje em dia, requer parceria da familia, pais, educadores; requer recursos: laboratórios equipados para pesquisa,  estudo, acesso e utilização dessas ferramentas na escola. E sobretudo requer um trabalho coletivo, que tenha o apoio da gestão e dos demais setores da escola, para  que nossos estudantes não participem ativamente de mais uma atividade social sob o total desconhecimento e  sem  orientação da escola e da familia.

Nao encerro aqui qualquer discussão sobre o tema, apenas reflito de maneira despretensiosa sobre algo que já nos é atual e urgente como qualquer problemática na educação de nosso país.

caminhos

Apesar de eu ter escolhido a escrita como fio condutor das reflexões do meu trabalho no curso, ainda não decidi a que tema específico vou dedicar a pesquisa, penso em algo voltado para a prática do professor relacionada à tecnologia ou mesmo um tema relacionado à aprendizagem do aluno e tecnologias em educação. Estou nesse momento de dúvida e busca, não sei se ainda há tempo para esperar aquele que será o tema ideal. Mas a indefinição faz parte da busca e espero que logo, logo eu já esteja escrevendo aqui sobre a minha escolha definitiva e espero, acertada.
Enquanto a inspiração e a decisão não vem, tento lê um pouco mais, agora estou lendo o vol 2 da série de estudos de Educação à Distancia: Proinfo: Informática e Formação de Professores, uma publicação da Secretaria de Educação à Distânica- MEC 2000. O uso pedagógico da tecnologias na escola pelo que li não é algo tão novo, desde a década de noventa, os cursos tentam fazer essa correlação, uns em maior grau que outros. Vários cursos de graduação e especialização são analisados à luz dessa perspectiva pedagógica do uso das tecnologias.

Do capítulo: Computadores e Mudanças nas Instituiçoes Educacionais- Projetos Inovadores destaco o que diz Maria Elizabeth de Almeida no trecho a seguir, que já indicava o trabalho com projetos como uma alternativa de sucesso nessa área:

" Ao introduzir computadores no processo educacional é preciso considerar que " as novas práticas são inventadas, conquistadas, construídas coletivamente, e não no isolamento individual" (Hutmacher, 1995:54). Então, é necessário associar as ações inovadoras a projetos pedagógicos- expressão do compromisso coletivo da comunidade educacional- constituídos por programas de formação contínua de professores e por processos de ensino-aprendizagem e pesquisa que permitam investigar, analisar, refletir e depurar o processo de utilização dos computadores." (Almeida, 2000: 123)

o fio da meada

Tecer

v. tr.
1. Fazer obra de tear.
2. Diz-se do trabalho da aranha.
3. Fiar.
4. Fig. Entrelaçar.
5. Compor enredando.
6. Coordenar, compor (o que exige trabalho e atenção).
7. Tramar, armar, inventar.
8. Ornar, enfeitar.
9. Principiar, entabular.
v. pron.
14. Enredar-se, entrelaçar-se.
15. Formar-se, condensar-se.
16. Preparar-se, organizar-se.


in:http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx?pal=tecer

É para essa preparação, organização, composição. Para esse trabalho de fiar que esse espaço principia, essa composição trabalhosa e atenta a que nos dedicamos (O TCC) e também possivelmente prazerosa. Espero ter a habilidade da aranha, sua visão multifocal, sua paciência nesse ofício de criar, de dar forma às minhas idéias, de saber usufruir a colabaração de quem sabe e pensou meu tema de estudo, utilizar todo esse saber de forma ética e correta e deixar minha contribuição individual a partir dessa contribuição coletiva considerável. Estejam convidados a tecer comigo, apreciar, criticar respeitosamente. Porque as relações não ficam de fora dessa tessitura do conhecimento, e estarei feliz em fiar* com vocês, esse texto.

*ter confiança

PS: em 31-01-11 Este blog inicialmente foi um : Espaço de discussão e construção da monografia para o curso de Especialização Tecnologias em Educação- 2010. Enquanto aluna da turma DF08AIV. Informo que fui bem sucedida, graça a Deus, conclui  o curso e terminei e apresentei a monografia em 19-11-2010. Agora é receber o certificado.  Feliz!!